A Importância da Castidade, a exemplo dos santos.


A Pureza, virtude tão estimada pelos santos, mas hoje tão maltratada por nós homens! Se soubéssemos o quanto agrada a Deus a sua observância, assim como os santos, faríamos de tudo para não ofendê-lo com nossas impurezas.

Castidade perfeita é o mais belo florão da Igreja, dizia o papa Pio XII. Pela castidade, várias portas de entrada para os demais pecados são fechadas, pois aprendemos a viver como os santos, buscando essencialmente a Deus. Por ser uma virtude tão apreciada, o demônio usa de suas artimanhas para arrancar de nosso coração o desejo santo de observá-la.

Relatarei algumas práticas heróicas que os santos fizeram para não deixar que o demônio roubasse esse bem de seus corações.

Santo Antão dizia que “basta um olhar impuro para abrir as portas do inferno”, quando são Luís Gonzaga teve conhecimento desta frase começou a guardar os seus olhos com tanta radicalidade, chegando ao ponto de não olhar nunca para as demais partes dos corpos das mulheres, apenas para os seus olhos.

Devemos guardar os nossos olhos, porque, como dizia São Domingos Sávio: são duas janelas, onde pode passar anjos como demônios. Disse nosso Senhor Jesus Cristo: “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quão grande serão as trevas”! (Mateus 6, 22-23)

São Luís Gonzaga, em todo tempo de sua vida, nunca sentiu o menor estimulo ou movimento carnal no corpo, nem pensamento ou representação desonesta no espírito, que fossem contrários ao propósito que fizera de ter uma castidade perfeita. Este privilégio transcende de tal modo toda força industrial humana, que bem mostra ter sido dom particular de Deus por intercessão de sua Mãe Santíssima. Quanto se deva apreciar esta isenção, conhecerá que são Paulo (ou falasse de si, ou de outro) três vezes implorou a Deus a graça de livrá-lo do aguilhão da carne (Romanos 13, 14; II Coríntios 7, 1; Gálatas 5, 17).

Uma vez perguntaram a são Jerônimo o motivo por qual ele foi ser eremita, ele deu uma resposta muito simples, “eu temo o inferno”; talvez as pessoas podem pensar que pelo fato de ele estar no deserto, que ele esteja livre de tentações, porque o deserto é um lugar “de encontro pessoal com Deus”, mas não, infelizmente até no deserto satanás o encontrou, o demônio não o deixou em paz um dia sequer, mas o Senhor Jesus tinha impresso em seu coração um ardente desejo de céu, de perfeição que todos os dias o Espírito Santo inspirava-lhe algo diferente, “temos que ficar atentos as moções do Espírito Santo de Deus”, são Jerônimo fazia de tudo, mas um certo dia a tentação veio com tanta força que ele teve que pegar uma grande pedra e começar a bater no peito, enquanto a tentação não fosse extinta ele não parou de se bater. É claro, como dizia São Francisco de Sales: alguns atos dos santos são para admirar, que nos sirva de lição, porque diz a palavra do Senhor: “Vós ainda não resistes até o sangue em vosso combate contra o pecado”! (Hebreus 12, 4)

São Francisco de Assis, um dia estando indo pregar o evangelho, no meio do caminho lhe sobreveio uma forte tentação, movido pelo “amor a Cristo Jesus” ele tirou a roupa por completo e começou a rolar na neve, rolou até a tentação ir embora. “Vigia atentamente para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus”. (Hebreus 12, 15)

Certa vez, algumas pessoas prenderam são Tomás de Aquino em um castelo junto com uma mulher, eles o prenderam para que perdesse sua pureza (virgindade), mas “o amor de Deus é infinito, principalmente para seus filhos prediletos, os castos”; São Tomás pegou um tição de fogo e com ele começou a correr atrás da mulher e ela foi embora, logo depois, São Tomás caiu de joelhos, e com os olhos cheios de lágrimas pediu a Jesus Cristo que nunca mais permitisse tal coisa, logo em seguida lhe apareceu seu Anjo da Guarda e lhe cingiu com um cinto divino, um certo cinto de castidade, nunca mais lhe sobreveio tentação parecida. “Orai sem cessar. Guardai-vos de toda espécie de mal”. (Tessalonicenses 5, 17. 22)

Santa Maria do Egito, quando sentia esses impulsos carnais, ajoelhava-se e caía com o rosto em terra e ficava até serem extintas as tentações, as vezes ela ficava dias nesta posição. Poucos são os santos que, por favor de extraordinária graça do céu, chegaram a uma perfeita e total insensibilidade, e se alguns lá chegaram, só a custo de muitas “orações e lágrimas” alcançaram esse dom de Deus.

Assim conta são Gregório nos Diálogos, que santo Equício, sentindo-se em sua juventude molestado por estas tentações, com longas e contínuas orações alcançou que Deus lhe mandasse um Anjo, que o tornou tão livre de toda tentação, como se não tivera corpo.

Do abade Sereno narra Cassiano, que tendo com muitas orações, lágrimas, vigílias e jejuns, obtido primeiramente a pureza de coração e de espírito, com iguais trabalhos, que se entregava noite e dia, recebeu por ministério de um Anjo, tão perfeito dom de castidade corporal, que, nem velando, nem dormindo, nem sonhando, sentiu jamais movimento algum no corpo.

São Luís Gonzaga tinha esse dom de Deus, mas por tanto amor que tinha por esta virtude vivia em tanta comunhão e radicalidade com Deus, ele andava sempre com os olhos baixos, nas ruas e em sua casa.

Nós devemos CRUCIFICAR a nossa própria carne, nisso está o imenso potencial ascético, de esforço, de luta, de morte, da castidade pelo Reino. Crucificar sua própria carne com suas paixões e seus desejos, principalmente o desejo sexual, que está entre os mais imperiosos, isso não é brincadeira. Pois a carne tem aspirações contrárias ao espírito e o espírito contrárias à carne (Gálatas 5, 17). Esse é um inimigo que está dentro de nós, que nos ataca sem trégua, de noite e de dia, quando sós ou acompanhados. Tem um aliado extraordinariamente forte, o mundo, que põe à sua disposição todos os recursos, pronto sempre a lhe dar razão e a defender seus “direitos”, e em nome da natureza, do bom senso, da bondade fundamental de todas as coisas... Esse é o campo “onde mais cotidiana é a batalha e mais rara a vitória” (São Cesário de Arles).

Essa foi a triste experiência daqueles ascetas de alma de fogo, os monges do deserto, levados pela tentação da carne até quase o desespero.

Prestem muita atenção neste relato! “Por doze anos, depois de meus cinqüenta anos, o demônio não me concedeu nem uma noite nem um dia de trégua em seus assaltos. Pensando que Deus me tivesse abandonado, e que exatamente por isso estivesse sendo dominado pelo inimigo, decidi antes morrer de forma irracional do que sofrer a vergonha de cair por causa da paixão carnal. Saí e, depois de ter vagado pelo deserto, encontrei a toca de uma hiena; ali meti-me nu, durante o dia, para que as feras me devorassem quando saíssem. Depois de diversas tentativas semelhantes, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia no pensamento: Vá embora, Pacômio, e lute; fiz que você fosse dominado pelo inimigo para que não se ensoberbecesse, pensando que era forte, mas que, reconhecendo sua fraqueza e não confiando demais no seu regime de vida, procurasse a ajuda de Deus.” (Paládio, História Lausaíca)

Todos os santos tiveram tentações, e como vimos, fortíssimas, mas, sempre movidos pelo amor pela virtude e por Deus, sempre saíram vitoriosos!!!

Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram muito espantados e disseram: “Quem poderá então salvar-se?” Jesus, fitando-os, disse: “Ao homem isso é impossível, mas a Deus tudo é possível”. (Mateus 19, 25-26)

Quando vierem estas tentações, lutemos com todas as forças, vamos “dar o sangue na luta contra o pecado” (Hebreus 12,4), e “trabalharmos na nossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2,12), mas devemos, principalmente, buscar as nossas forças e graças em Deus, pois “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4,13).

Só Deus para te livrar e fazer de ti vitorioso, e nós encontramos Deus pela ORAÇÃO!

“Ficai acordados, portanto, orando em todo momento, para terdes a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem”. (Lucas 21, 36)

“Em matéria de castidade, não à fortes e nem fracos e sim, prudentes e imprudentes!” Jesus nosso Amado nos disse: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 41).

“Que Maria Santíssima, São José e a Santíssima Trindade possam nos dar todo auxílio e fortaleza, para perseverarmos no caminho do amor!”


Marcos Paulo Ferreira Silva.

Fonte: Arquidiocese de Campo Grande