Encontro de Espiritualidade e Formação
Tema Geral: Sexualidade e Afetividade
08: 00h – Acolhida e Oração Inicial
08: 20 – Animação e Louvor
08: 45 – Oração de Súplica ao Espírito Santo
09: 00 – Palavra de Deus (Gn 2, 18 – 25)
Formação I: SEXUALIDADE, SIGNIFICADO CRISTÃO
Significado
A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano. Portanto ela é parte integrante do desenvolvimento da personalidade e do seu processo educativo : « Do sexo, de fato, derivam na pessoa humana as características que, no plano biológico e espiritual, a tornam homem ou mulher, condicionando assim e normalmente o caminho do seu desenvolvimento em ordem à maturidade e à sua inserção na sociedade ».
A sexualidade caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, como também no psicológico e espiritual marcando toda a sua
expressão. Esta diversidade que tem como fim a complementaridade dos dois sexos, permite responder plenamente ao desígnio de Deus conforme a vocação à qual cada um é chamado.
A genitalidade orientada para a procriação é a expressão máxima, no plano físico, da comunhão de amor dos cônjuges. Fora deste contexto de dom recíproco - realidade que o cristão vive sustentado e enriquecido de maneira particular pela graça de Deus - ela perde o seu sentido, dá lugar ao egoísmo e é uma desordem moral.
A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor que é o único a torná-la verdadeiramente humana. Preparada pelo desenvolvimento biológico e psíquico, cresce harmonicamente e realiza-se em sentido pleno somente com a conquista da maturidade afetiva, que se manifesta no amor desinteressado e no total dom de si.
Situação Atual
Podem-se observar atualmente, mesmo entre os cristãos, notáveis divergências quanto à educação sexual. No clima atual de desorientação moral constituem um perigo, seja o conformismo nocivo, sejam os preconceitos que tendem a falsificar a íntima natureza do ser humano, que saiu íntegra das mãos do Criador.
Para reagir a esta situação, é desejada por muitos uma oportuna educação sexual. Se, porém, a convicção da sua necessidade no âmbito teórico é muito difundida, na prática permanecem incertezas e divergências notáveis seja quanto às pessoas e instituições que deveriam assumir a responsabilidade educacional como também em relação ao conteúdo e à metodologia.
Os educadores e os próprios pais frequentemente reconhecem não terem a preparação suficiente para realizar uma adequada educação sexual. A escola, nem sempre está à altura de oferecer uma visão integral do assunto. Uma educação sexual completa não pode ficar só na informação científica.
As dificuldades para uma educação sexual são maiores nos países onde a urgência do problema ainda não se fez sentir e se pensa que ele se resolve por si sem necessidade de uma educação específica.
Em geral é preciso reconhecer que se trata de uma tarefa difícil pela complexidade dos diferentes elementos (fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, sócio-culturais, jurídicos, morais e religiosos) que intervêm na ação educativa..
Alguns organismos católicos em diferentes lugares, - com a aprovação e o estímulo do Episcopado local - começaram a desenvolver uma positiva atividade de educação sexual; esta tem por finalidade não somente ajudar as crianças e os adolescentes no caminho rumo à maturidade psicológica e espiritual, como também, e sobretudo, precavê-los contra os perigos da ignorância e degradação do ambiente.
É também louvável o esforço de todos aqueles que, com seriedade científica, se dedicaram a estudar o problema, a partir das ciências humanas e integrando os resultados de tais pesquisas numa proposta de solução conforme as exigências da dignidade humana como emerge no Evangelho.
Visão Cristã
Na visão cristã do homem, reconhece-se ao corpo uma particular função, porque contribui a revelar o sentido da vida e da vocação humana. A corporeidade é, de facto, o modo específico de existir e de operar próprio do espírito humano. Este significado é, antes de mais, de natureza antropológica: o corpo revela o homem, «exprime a pessoa» e é por isso a primeira mensagem de Deus ao próprio homem, quase uma espécie de «primordial sacramento, entendido como sinal que transmite eficazmente no mundo visível o mistério invisível escondido em Deus desde a eternidade»
Há um segundo significado de natureza teologal: o corpo contribui a revelar Deus e o seu amor criador, enquanto manifesta a “criaturalidade” do homem, a sua dependência de um dom fundamental, que é o dom de amor. «Isto é o corpo: testemunha da criação como de um dom fundamental, portanto testemunha do amor como fonte donde nasceu este mesmo doar »
O corpo enquanto sexuado, exprime a vocação do homem à reciprocidade, isto é, ao amor e ao mútuo dom de si. O corpo, enfim, reclama o homem e a mulher à sua constitutiva vocação à fecundidade, como um dos significados fundamentais do seu ser sexuado.
A distinção sexual, que aparece como uma determinação do ser humano, é diversidade, mas na igualdade da natureza e da dignidade.
A pessoa humana, pela sua natureza íntima, exige uma relação de alteridade que implica uma reciprocidade de amor.Os sexos são complementares: semelhantes e dissemelhantes ao mesmo tempo; não idênticos mas sim iguais quanto à dignidade da pessoa; semelhantes para se compreenderem, diferentes para se completarem.
O homem e a mulher constituem dois modos segundo os quais a criatura humana realiza uma determinada participação do Ser divino : foram criados à «imagem e semelhança de Deus» e realizam completamente tal vocação não só como pessoas singulares, mas também como casal, qual comunidade de amor. Orientados para a união e a fecundidade, o homem e a mulher casados participam do amor criador de Deus, vivendo a comunhão com Ele através do outro.
A presença do pecado obscurece a inocência original, torna menos fácil ao homem a percepção destas mensagens : a sua decifração tornou-se assim uma tarefa ética, objecto duma difícil obrigação, confiada ao homem : «O homem e a mulher depois do pecado original perderam a graça da inocência original. A descoberta do significado esponsal do corpo deixará de ser para eles uma simples realidade da revelação e da graça. Todavia tal significado permanecerá como obrigação dada ao homem pelo ethos do dom, inscrito no profundo do coração humano, como longínquo eco da inocência original ».
Frente a esta capacidade do corpo de ser ao mesmo tempo sinal e instrumento de uma vocação ética, pode-se descobrir uma analogia entre o mesmo corpo e a economia sacramental, que é a via concreta através da qual a graça e a salvação chegam ao homem.
A inclinação do homem « histórico » a reduzir a sexualidade unicamente à experiência genital, explica a existência de reacções tendentes a desvalorizar o sexo, como se por sua natureza fosse indigno do homem. As presentes orientações entendem opor-se a tal desvalorização.
«Somente no Mistério do Verbo Encarnado encontra verdadeira luz o mistério do homem » e a existência humana adquire o seu pleno significado na vocação á vida divina. Só seguindo Cristo, o homem responde a esta vocação e se torna plenamente homem, crescendo até atingir « o homem perfeito, na medida em que convém à plena maturidade de Cristo ».
À luz do mistério de Cristo, a sexualidade aparece-nos como vocação a realizar aquela caridade que o Espírito Santo infunde no coração dos redimidos. Jesus Cristo sublimou tal vocação com o Sacramento do matrimônio.
Jesus indicou, além de mais, com o exemplo e a palavra, a vocação à virgindade por causa do reino dos céus. A virgindade é vocação ao amor : torna o coração mais livre para amar Deus. O coração virgem não está condicionado pelos compromissos requeridos pelo amor nupcial, pode, portanto, ser mais disponível para o amor gratuito dos irmãos.
A virgindade pelo reino dos céus, por conseqüência, exprime melhor a doação de Cristo ao Pai pelos irmãos e melhor prefigura a realidade da vida eterna, toda substanciada de caridade.
A virgindade implica certamente renúncia à forma de amor típica do matrimônio. Assume, porém, a nível mais profundo, o dinamismo; inerente à sexualidade, de abertura oblativa aos outros, potenciado e transfigurado pela presença do Espírito que nos ensina a amar o Pai e os irmãos como o fez o Senhor Jesus.
Em síntese a sexualidade é chamada a exprimir valores diversos a que correspondem exigências morais específicas : orientada para o diálogo interpessoal contribui para a maturidade integral do homem abrindo-o ao dom de si no amor; ligada, além de mais, na ordem da criação, à fecundidade e à transmissão da vida, é chamada a ser fiel também a esta sua interna finalidade. Amor e fecundidade são todavia significados e valores da sexualidade que se incluem e reclamam mutuamente e não podem portanto ser considerados nem alternativos nem opostos.
A vida afetiva, própria de cada sexo, exprime-se de modo característico nos diversos estados de vida: a união dos cônjuges, o celibato consagrado escolhido pelo Reino, a condição do cristão que não atingiu ainda o momento do compromisso matrimonial ou porque permaneceu solteiro, ou porque escolheu permanecer assim. Em todos os casos esta vida afetiva deve ser acolhida e integrada na pessoa humana.
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por Pontifício Conselho para Educação Cristã
Carta: Orientações educativas sobre o Amor Humano e linhas gerais para a Educação Sexual
09: 40h – Lanche
10: 00h – Louvor e Oração
10: 30h – Palavra de Deus (1 Jo 4, 7 – 16)
Formação II: CHAMADOS AO VERDADEIRO AMOR
8. O ser humano, enquanto imagem de Deus, é criado para amar. Esta verdade foi-nos revelada plenamente no Novo Testamento, juntamente com o mistério da vida intratrinitária: « Deus é amor (1 Jo 4, 8) e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem..., Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano ».9 Todo o sentido da própria liberdade, do autodomínio consequente, é assim orientado ao dom de si na comunhão e na amizade com Deus e com os outros.10
O amor humano como dom de si
9. A pessoa é, portanto, capaz de um tipo de amor superior: não o amor da concupiscência, que vê só objectos com que satisfazer os próprios apetites, mas o amor de amizade e oblatividade, capaz de reconhecer e amar as pessoas por si mesmas. É um amor capaz de generosidade, à semelhança do amor de Deus; quere-se bem ao outro porque se reconhece que é digno de ser amado. É um amor que gera a comunhão entre as pessoas, visto que cada um considera o bem do outro como próprio. É um dom de si feito àquele que se ama, no qual se descobre, se actua a própria bondade na comunhão de pessoas e se aprende o valor de ser amado e de amar.
Cada ser humano é chamado ao amor de amizade e de oblatividade; e é libertado da tendência ao egoísmo pelo amor de outros: em primeiro lugar pelos pais ou seus substitutos e, em definitivo, por Deus, de quem procede todo o amor verdadeiro e em cujo amor somente a pessoa humana descobre até que ponto é amada. Aqui se encontra a raiz da força educadora do cristianismo: « O homem é amado por Deus! Este é o mais simples e o mais comovente anúncio de que a Igreja é devedora ao homem ».11 Foi assim que Cristo revelou ao ser humano a sua verdadeira identidade: « Cristo, que é o novo Adão, na mesma revelação do mistério do Pai e do Seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre-lhe a sua altíssima vocação ».12
O amor revelado por Cristo « aquele amor, ao qual o apóstolo Paulo dedicou um hino na Primeira Carta aos Coríntios... é, sem dúvida, um amor exigente. Mas nisto mesmo está a sua beleza: no facto de ser exigente, porque deste modo constrói o verdadeiro bem do homem e irradia-o também sobre os outros ».13 Por isso é um amor que respeita a pessoa e a edifica porque « o amor é verdadeiro quando cria o bem das pessoas e das comunidades, cria-o e dá-o aos outros ».14
O amor e a sexualidade humana
10. O ser humano é chamada ao amor e ao dom de si na sua unidade corpórea-espiritual. Feminilidade e masculinidade são dons complementares, pelo que a sexualidade humana é parte integrante da capacidade concreta de amor que Deus inscreveu no homem e na mulher. « A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano ».15 Esta capacidade de amor como dom de si tem, por isso, uma sua « encarnação » no carácter esponsal do corpo, no qual se inscreve a masculinidade e a feminilidade da pessoa. « O corpo humano, com o seu sexo, e a sua masculinidade e feminilidade, visto no próprio mistério da criação, não é somente fonte de fecundidade e de procriação, como em toda a ordem natural, mas encerra desde "o princípio" o atributo "esponsal", isto é, a capacidade de exprimir o amor precisamente pelo qual o homem-pessoa se torna dom e — mediante este dom — actuar o próprio sentido do seu ser e existir ».16 Qualquer forma de amor será sempre marcada por esta caracterização masculina e feminina.
11. A sexualidade humana é, portanto, um Bem: parte daquele dom criado que Deus viu ser « muito bom » quando criou a pessoa humana à sua imagem e semelhança e « homem e mulher os criou » (Gen 1, 27). Enquanto modalidade de se relacionar e se abrir aos outros, a sexualidade tem como fim intrínseco o amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber. A relação entre um homem e uma mulher é uma relação de amor: « A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana ».17 Quando tal amor se realiza no matrimônio, o dom de si exprime, por intermédio do corpo, a complementaridade e a totalidade do dom; o amor conjugal torna-se, então, força que enriquece e faz crescer as pessoas e, ao mesmo tempo, contribui para alimentar a civilização do amor; quando pelo contrário falta o sentido e o significado do dom na sexualidade, acontece « uma civilização das "coisas" e não das "pessoas"; uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas. No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objecto, os filhos um obstáculo para os pais ».18
12. Ao centro da consciência cristã dos pais e dos filhos coloca-se esta grande verdade e este facto fundamental: o dom de Deus. Trata-se do dom que Deus fez chamando-nos à vida e a existir como homem ou mulher numa existência irrepetível e carregada de inexauríveis possibilidades de desenvolvimento espiritual e moral: « A vida humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado ».19 « O dom revela, por assim dizer, uma característica particular da existência pessoal, ou antes, da própria essência da pessoa. Quando Deus (Javé) diz que "não é bom que o homem esteja só (Gen 2, 18), afirma que "sozinho" o homem não realiza totalmente esta essência. Realiza-a somente existindo "com alguém" — e ainda mais profundamente e mais completamente: existindo "para alguém" ».20 É na abertura ao outro e no dom de si que se realiza o amor conjugal sob a forma de doação total que é própria deste estado. E é sempre no dom de si, apoiado por uma graça especial, que toma significado a vocação à vida consagrada, « forma eminente de se entregar mais facilmente a Deus só, com um coração indiviso »21 para o servir mais plenamente na Igreja. Em todas as condições e estados de vida, todavia, este dom torna-se ainda mais admirável pela graça redentora, pela qual nos tornamos « participantes da natureza divina » (2 Ped 1, 4) e somos chamados a viver juntos a comunhão sobrenatural de caridade com Deus e com os irmãos. Os pais cristãos, até nas situações mais delicadas, não podem esquecer que, como fundamento de toda a história pessoal e doméstica, está o dom de Deus.
13. « Enquanto espírito encarnado, isto é, alma que se exprime no corpo informado por um espírito imortal, o homem é chamado ao amor nesta sua totalidade unificada. O amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual ».22 À luz da Revelação cristã lê-se o significado inter-pessoal da própria sexualidade: « A sexualidade caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, como também no psicológico e espiritual, marcando toda a sua expressão. Esta diversidade, que tem como fim a complementaridade dos dois sexos, permite responder plenamente ao desígnio de Deus conforme a vocação à qual cada um é chamado ».23
O amor conjugal
14. Quando o amor é vivido no matrimônio, ele compreende e ultrapassa a amizade e realiza-se entre um homem e uma mulher que se dão na totalidade, respectivamente segundo a própria masculinidade e feminilidade, fundando com o pacto conjugal aquela comunhão de pessoas na qual Deus quis que fosse concebida, nascesse e se desenvolvesse a vida humana. A este amor conjugal, e somente a este, pertence a doação sexual, que se « realiza de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte ».24 O Catecismo da Igreja Católica recorda: « No matrimônio a intimidade corporal dos esposos torna-se sinal e penhor de comunhão espiritual. Entre os batizados, os laços do matrimônio são santificados pelo sacramento ».25
O amor aberto à vida
15. Sinal revelador da autenticidade do amor conjugal é a abertura à vida: « Na sua realidade mais profunda, o amor é essencialmente dom e o amor conjugal, enquanto conduz os esposos ao "conhecimento" recíproco..., não se esgota no interior do próprio casal, já que os habilita para a máxima doação possível, pela qual se tornam cooperadores com Deus no dom da vida a uma nova pessoa humana. Deste modo os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe ».26 É a partir desta comunhão de amor e de vida que os conjuges atingem aquela riqueza humana e espiritual e aquele clima positivo que lhes permite oferecer aos filhos o apoio da educação para o amor e a castidade.
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por Pontifício conselho para a família
documento: Sexualidade humana , verdade e significado
11: 10 – Despedidas e Oração Final
Tema Geral: Sexualidade e Afetividade
08: 00h – Acolhida e Oração Inicial
08: 20 – Animação e Louvor
08: 45 – Oração de Súplica ao Espírito Santo
09: 00 – Palavra de Deus (Gn 2, 18 – 25)
Formação I: SEXUALIDADE, SIGNIFICADO CRISTÃO
Significado
A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano. Portanto ela é parte integrante do desenvolvimento da personalidade e do seu processo educativo : « Do sexo, de fato, derivam na pessoa humana as características que, no plano biológico e espiritual, a tornam homem ou mulher, condicionando assim e normalmente o caminho do seu desenvolvimento em ordem à maturidade e à sua inserção na sociedade ».
A sexualidade caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, como também no psicológico e espiritual marcando toda a sua
expressão. Esta diversidade que tem como fim a complementaridade dos dois sexos, permite responder plenamente ao desígnio de Deus conforme a vocação à qual cada um é chamado.
A genitalidade orientada para a procriação é a expressão máxima, no plano físico, da comunhão de amor dos cônjuges. Fora deste contexto de dom recíproco - realidade que o cristão vive sustentado e enriquecido de maneira particular pela graça de Deus - ela perde o seu sentido, dá lugar ao egoísmo e é uma desordem moral.
A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor que é o único a torná-la verdadeiramente humana. Preparada pelo desenvolvimento biológico e psíquico, cresce harmonicamente e realiza-se em sentido pleno somente com a conquista da maturidade afetiva, que se manifesta no amor desinteressado e no total dom de si.
Situação Atual
Podem-se observar atualmente, mesmo entre os cristãos, notáveis divergências quanto à educação sexual. No clima atual de desorientação moral constituem um perigo, seja o conformismo nocivo, sejam os preconceitos que tendem a falsificar a íntima natureza do ser humano, que saiu íntegra das mãos do Criador.
Para reagir a esta situação, é desejada por muitos uma oportuna educação sexual. Se, porém, a convicção da sua necessidade no âmbito teórico é muito difundida, na prática permanecem incertezas e divergências notáveis seja quanto às pessoas e instituições que deveriam assumir a responsabilidade educacional como também em relação ao conteúdo e à metodologia.
Os educadores e os próprios pais frequentemente reconhecem não terem a preparação suficiente para realizar uma adequada educação sexual. A escola, nem sempre está à altura de oferecer uma visão integral do assunto. Uma educação sexual completa não pode ficar só na informação científica.
As dificuldades para uma educação sexual são maiores nos países onde a urgência do problema ainda não se fez sentir e se pensa que ele se resolve por si sem necessidade de uma educação específica.
Em geral é preciso reconhecer que se trata de uma tarefa difícil pela complexidade dos diferentes elementos (fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, sócio-culturais, jurídicos, morais e religiosos) que intervêm na ação educativa..
Alguns organismos católicos em diferentes lugares, - com a aprovação e o estímulo do Episcopado local - começaram a desenvolver uma positiva atividade de educação sexual; esta tem por finalidade não somente ajudar as crianças e os adolescentes no caminho rumo à maturidade psicológica e espiritual, como também, e sobretudo, precavê-los contra os perigos da ignorância e degradação do ambiente.
É também louvável o esforço de todos aqueles que, com seriedade científica, se dedicaram a estudar o problema, a partir das ciências humanas e integrando os resultados de tais pesquisas numa proposta de solução conforme as exigências da dignidade humana como emerge no Evangelho.
Visão Cristã
Na visão cristã do homem, reconhece-se ao corpo uma particular função, porque contribui a revelar o sentido da vida e da vocação humana. A corporeidade é, de facto, o modo específico de existir e de operar próprio do espírito humano. Este significado é, antes de mais, de natureza antropológica: o corpo revela o homem, «exprime a pessoa» e é por isso a primeira mensagem de Deus ao próprio homem, quase uma espécie de «primordial sacramento, entendido como sinal que transmite eficazmente no mundo visível o mistério invisível escondido em Deus desde a eternidade»
Há um segundo significado de natureza teologal: o corpo contribui a revelar Deus e o seu amor criador, enquanto manifesta a “criaturalidade” do homem, a sua dependência de um dom fundamental, que é o dom de amor. «Isto é o corpo: testemunha da criação como de um dom fundamental, portanto testemunha do amor como fonte donde nasceu este mesmo doar »
O corpo enquanto sexuado, exprime a vocação do homem à reciprocidade, isto é, ao amor e ao mútuo dom de si. O corpo, enfim, reclama o homem e a mulher à sua constitutiva vocação à fecundidade, como um dos significados fundamentais do seu ser sexuado.
A distinção sexual, que aparece como uma determinação do ser humano, é diversidade, mas na igualdade da natureza e da dignidade.
A pessoa humana, pela sua natureza íntima, exige uma relação de alteridade que implica uma reciprocidade de amor.Os sexos são complementares: semelhantes e dissemelhantes ao mesmo tempo; não idênticos mas sim iguais quanto à dignidade da pessoa; semelhantes para se compreenderem, diferentes para se completarem.
O homem e a mulher constituem dois modos segundo os quais a criatura humana realiza uma determinada participação do Ser divino : foram criados à «imagem e semelhança de Deus» e realizam completamente tal vocação não só como pessoas singulares, mas também como casal, qual comunidade de amor. Orientados para a união e a fecundidade, o homem e a mulher casados participam do amor criador de Deus, vivendo a comunhão com Ele através do outro.
A presença do pecado obscurece a inocência original, torna menos fácil ao homem a percepção destas mensagens : a sua decifração tornou-se assim uma tarefa ética, objecto duma difícil obrigação, confiada ao homem : «O homem e a mulher depois do pecado original perderam a graça da inocência original. A descoberta do significado esponsal do corpo deixará de ser para eles uma simples realidade da revelação e da graça. Todavia tal significado permanecerá como obrigação dada ao homem pelo ethos do dom, inscrito no profundo do coração humano, como longínquo eco da inocência original ».
Frente a esta capacidade do corpo de ser ao mesmo tempo sinal e instrumento de uma vocação ética, pode-se descobrir uma analogia entre o mesmo corpo e a economia sacramental, que é a via concreta através da qual a graça e a salvação chegam ao homem.
A inclinação do homem « histórico » a reduzir a sexualidade unicamente à experiência genital, explica a existência de reacções tendentes a desvalorizar o sexo, como se por sua natureza fosse indigno do homem. As presentes orientações entendem opor-se a tal desvalorização.
«Somente no Mistério do Verbo Encarnado encontra verdadeira luz o mistério do homem » e a existência humana adquire o seu pleno significado na vocação á vida divina. Só seguindo Cristo, o homem responde a esta vocação e se torna plenamente homem, crescendo até atingir « o homem perfeito, na medida em que convém à plena maturidade de Cristo ».
À luz do mistério de Cristo, a sexualidade aparece-nos como vocação a realizar aquela caridade que o Espírito Santo infunde no coração dos redimidos. Jesus Cristo sublimou tal vocação com o Sacramento do matrimônio.
Jesus indicou, além de mais, com o exemplo e a palavra, a vocação à virgindade por causa do reino dos céus. A virgindade é vocação ao amor : torna o coração mais livre para amar Deus. O coração virgem não está condicionado pelos compromissos requeridos pelo amor nupcial, pode, portanto, ser mais disponível para o amor gratuito dos irmãos.
A virgindade pelo reino dos céus, por conseqüência, exprime melhor a doação de Cristo ao Pai pelos irmãos e melhor prefigura a realidade da vida eterna, toda substanciada de caridade.
A virgindade implica certamente renúncia à forma de amor típica do matrimônio. Assume, porém, a nível mais profundo, o dinamismo; inerente à sexualidade, de abertura oblativa aos outros, potenciado e transfigurado pela presença do Espírito que nos ensina a amar o Pai e os irmãos como o fez o Senhor Jesus.
Em síntese a sexualidade é chamada a exprimir valores diversos a que correspondem exigências morais específicas : orientada para o diálogo interpessoal contribui para a maturidade integral do homem abrindo-o ao dom de si no amor; ligada, além de mais, na ordem da criação, à fecundidade e à transmissão da vida, é chamada a ser fiel também a esta sua interna finalidade. Amor e fecundidade são todavia significados e valores da sexualidade que se incluem e reclamam mutuamente e não podem portanto ser considerados nem alternativos nem opostos.
A vida afetiva, própria de cada sexo, exprime-se de modo característico nos diversos estados de vida: a união dos cônjuges, o celibato consagrado escolhido pelo Reino, a condição do cristão que não atingiu ainda o momento do compromisso matrimonial ou porque permaneceu solteiro, ou porque escolheu permanecer assim. Em todos os casos esta vida afetiva deve ser acolhida e integrada na pessoa humana.
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por Pontifício Conselho para Educação Cristã
Carta: Orientações educativas sobre o Amor Humano e linhas gerais para a Educação Sexual
09: 40h – Lanche
10: 00h – Louvor e Oração
10: 30h – Palavra de Deus (1 Jo 4, 7 – 16)
Formação II: CHAMADOS AO VERDADEIRO AMOR
8. O ser humano, enquanto imagem de Deus, é criado para amar. Esta verdade foi-nos revelada plenamente no Novo Testamento, juntamente com o mistério da vida intratrinitária: « Deus é amor (1 Jo 4, 8) e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem..., Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano ».9 Todo o sentido da própria liberdade, do autodomínio consequente, é assim orientado ao dom de si na comunhão e na amizade com Deus e com os outros.10
O amor humano como dom de si
9. A pessoa é, portanto, capaz de um tipo de amor superior: não o amor da concupiscência, que vê só objectos com que satisfazer os próprios apetites, mas o amor de amizade e oblatividade, capaz de reconhecer e amar as pessoas por si mesmas. É um amor capaz de generosidade, à semelhança do amor de Deus; quere-se bem ao outro porque se reconhece que é digno de ser amado. É um amor que gera a comunhão entre as pessoas, visto que cada um considera o bem do outro como próprio. É um dom de si feito àquele que se ama, no qual se descobre, se actua a própria bondade na comunhão de pessoas e se aprende o valor de ser amado e de amar.
Cada ser humano é chamado ao amor de amizade e de oblatividade; e é libertado da tendência ao egoísmo pelo amor de outros: em primeiro lugar pelos pais ou seus substitutos e, em definitivo, por Deus, de quem procede todo o amor verdadeiro e em cujo amor somente a pessoa humana descobre até que ponto é amada. Aqui se encontra a raiz da força educadora do cristianismo: « O homem é amado por Deus! Este é o mais simples e o mais comovente anúncio de que a Igreja é devedora ao homem ».11 Foi assim que Cristo revelou ao ser humano a sua verdadeira identidade: « Cristo, que é o novo Adão, na mesma revelação do mistério do Pai e do Seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre-lhe a sua altíssima vocação ».12
O amor revelado por Cristo « aquele amor, ao qual o apóstolo Paulo dedicou um hino na Primeira Carta aos Coríntios... é, sem dúvida, um amor exigente. Mas nisto mesmo está a sua beleza: no facto de ser exigente, porque deste modo constrói o verdadeiro bem do homem e irradia-o também sobre os outros ».13 Por isso é um amor que respeita a pessoa e a edifica porque « o amor é verdadeiro quando cria o bem das pessoas e das comunidades, cria-o e dá-o aos outros ».14
O amor e a sexualidade humana
10. O ser humano é chamada ao amor e ao dom de si na sua unidade corpórea-espiritual. Feminilidade e masculinidade são dons complementares, pelo que a sexualidade humana é parte integrante da capacidade concreta de amor que Deus inscreveu no homem e na mulher. « A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano ».15 Esta capacidade de amor como dom de si tem, por isso, uma sua « encarnação » no carácter esponsal do corpo, no qual se inscreve a masculinidade e a feminilidade da pessoa. « O corpo humano, com o seu sexo, e a sua masculinidade e feminilidade, visto no próprio mistério da criação, não é somente fonte de fecundidade e de procriação, como em toda a ordem natural, mas encerra desde "o princípio" o atributo "esponsal", isto é, a capacidade de exprimir o amor precisamente pelo qual o homem-pessoa se torna dom e — mediante este dom — actuar o próprio sentido do seu ser e existir ».16 Qualquer forma de amor será sempre marcada por esta caracterização masculina e feminina.
11. A sexualidade humana é, portanto, um Bem: parte daquele dom criado que Deus viu ser « muito bom » quando criou a pessoa humana à sua imagem e semelhança e « homem e mulher os criou » (Gen 1, 27). Enquanto modalidade de se relacionar e se abrir aos outros, a sexualidade tem como fim intrínseco o amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber. A relação entre um homem e uma mulher é uma relação de amor: « A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana ».17 Quando tal amor se realiza no matrimônio, o dom de si exprime, por intermédio do corpo, a complementaridade e a totalidade do dom; o amor conjugal torna-se, então, força que enriquece e faz crescer as pessoas e, ao mesmo tempo, contribui para alimentar a civilização do amor; quando pelo contrário falta o sentido e o significado do dom na sexualidade, acontece « uma civilização das "coisas" e não das "pessoas"; uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas. No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objecto, os filhos um obstáculo para os pais ».18
12. Ao centro da consciência cristã dos pais e dos filhos coloca-se esta grande verdade e este facto fundamental: o dom de Deus. Trata-se do dom que Deus fez chamando-nos à vida e a existir como homem ou mulher numa existência irrepetível e carregada de inexauríveis possibilidades de desenvolvimento espiritual e moral: « A vida humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado ».19 « O dom revela, por assim dizer, uma característica particular da existência pessoal, ou antes, da própria essência da pessoa. Quando Deus (Javé) diz que "não é bom que o homem esteja só (Gen 2, 18), afirma que "sozinho" o homem não realiza totalmente esta essência. Realiza-a somente existindo "com alguém" — e ainda mais profundamente e mais completamente: existindo "para alguém" ».20 É na abertura ao outro e no dom de si que se realiza o amor conjugal sob a forma de doação total que é própria deste estado. E é sempre no dom de si, apoiado por uma graça especial, que toma significado a vocação à vida consagrada, « forma eminente de se entregar mais facilmente a Deus só, com um coração indiviso »21 para o servir mais plenamente na Igreja. Em todas as condições e estados de vida, todavia, este dom torna-se ainda mais admirável pela graça redentora, pela qual nos tornamos « participantes da natureza divina » (2 Ped 1, 4) e somos chamados a viver juntos a comunhão sobrenatural de caridade com Deus e com os irmãos. Os pais cristãos, até nas situações mais delicadas, não podem esquecer que, como fundamento de toda a história pessoal e doméstica, está o dom de Deus.
13. « Enquanto espírito encarnado, isto é, alma que se exprime no corpo informado por um espírito imortal, o homem é chamado ao amor nesta sua totalidade unificada. O amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual ».22 À luz da Revelação cristã lê-se o significado inter-pessoal da própria sexualidade: « A sexualidade caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, como também no psicológico e espiritual, marcando toda a sua expressão. Esta diversidade, que tem como fim a complementaridade dos dois sexos, permite responder plenamente ao desígnio de Deus conforme a vocação à qual cada um é chamado ».23
O amor conjugal
14. Quando o amor é vivido no matrimônio, ele compreende e ultrapassa a amizade e realiza-se entre um homem e uma mulher que se dão na totalidade, respectivamente segundo a própria masculinidade e feminilidade, fundando com o pacto conjugal aquela comunhão de pessoas na qual Deus quis que fosse concebida, nascesse e se desenvolvesse a vida humana. A este amor conjugal, e somente a este, pertence a doação sexual, que se « realiza de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte ».24 O Catecismo da Igreja Católica recorda: « No matrimônio a intimidade corporal dos esposos torna-se sinal e penhor de comunhão espiritual. Entre os batizados, os laços do matrimônio são santificados pelo sacramento ».25
O amor aberto à vida
15. Sinal revelador da autenticidade do amor conjugal é a abertura à vida: « Na sua realidade mais profunda, o amor é essencialmente dom e o amor conjugal, enquanto conduz os esposos ao "conhecimento" recíproco..., não se esgota no interior do próprio casal, já que os habilita para a máxima doação possível, pela qual se tornam cooperadores com Deus no dom da vida a uma nova pessoa humana. Deste modo os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe ».26 É a partir desta comunhão de amor e de vida que os conjuges atingem aquela riqueza humana e espiritual e aquele clima positivo que lhes permite oferecer aos filhos o apoio da educação para o amor e a castidade.
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por Pontifício conselho para a família
documento: Sexualidade humana , verdade e significado
11: 10 – Despedidas e Oração Final