A condição necessária

Deus Pai que nos amou e ama desde toda a eternidade, ao nos criar concedeu tudo o que precisávamos para viver. Porém, a humanidade pecou e perdeu a comunhão com o Senhor de quem lhe vinham todos os bens. O Pai, em sua misericórdia, envia o seu próprio filho para restabelecer a Koinonia (comunhão). “Com o seu divino poder, Deus nos concedeu todas as condições necessárias para a vida e a piedade, através do conhecimento de Jesus Cristo que nos chamou por sua glória e virtude” (2 Pd 1, 3). O Filho paga a nossa dívida, compra-nos pelo preço de Seu sangue. Na cruz é sacrificado, ressuscita ao terceiro dia e, em seguida, envia os discípulos para a missão, promete-lhes o Espírito consolador, o Paráclito, Aquele que reafirmaria tudo o que Ele já havia dito.


O Pai já nos tinha dado as condições para vivermos felizes. Nós as perdemos, o Filho vem recuperar tudo para nós e nos encaminhar para o Pai. E, ainda, convida-nos a participar de sua missão salvífica e, para tanto, derrama o Espírito Santo a fim de estar conosco todos os dias, sustentando-nos na pesada tarefa da redenção.


Jesus é o Caminho que nos conduz ao Pai. E todo caminho é apelo ao seguimento, é chamado a algum lugar. Ele por sua morte de cruz e seu testemunho se fez caminho para a humanidade. De outro lado, todo aquele que o segue se torna também caminho para os demais. E não é aceitável um caminho que desencaminhe, que não leve a um lugar determinado. Somos para o outro. Você é caminho para levar o irmão a Deus, e não para distanciá-lo. Se o fizer deixará de ser caminho, anulará sua própria missão.


Todo caminho, para levar a seu destino, deve estar ligado ao ponto onde deve conduzir os transeuntes. Em outras palavras, precisamos saber para onde devemos conduzir os irmãos e nos mantermos ligados a este lugar. Temos de evangelizar, levar almas para Deus. Mas antes disso, precisamos nós mesmos estarmos ligados ao Senhor, sermos conduzidos por Ele. É preciso permanecer ligado a Fonte para trazer outras pessoas para Ela. Precisamos ser fios condutores da Graça e só dá pra fazer isso permanecendo unido Àquele de quem vem toda a Graça.


Mais do que amar as coisas do Senhor é preciso amar o Senhor das coisas. Escolher antes de tudo estar em sua companhia, prestando a nossa homenagem a Ele, ouvindo o que nos tem a dizer, rendendo-nos a Sua grande Majestade, deixando tudo e abraçando o Tudo que é Ele mesmo. “Uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada” (Lc10, 41). Por que nos contentarmos com as pequenas glórias que esse mundo nos oferece quando o próprio criador quer se dar a nós a cada instante? Nem mesmo todas as suas graças se comparam a Ele mesmo, elas apenas nos conduzem ao Seu encontro. São meios e não fins.

O Senhor já nos deu o Espírito Santo, a condição necessária a nossa vida e missão. E quando falamos em necessário, estamos falando de algo que não se pode dispensar; que se impõe; essencial, indispensável. Podemos viver sem muitas coisas, mas não sem a Graça do Espírito Santo. É Ele quem sustenta, anima e conduz a nossa missão. Sem Ele não entendemos o que o Filho diz e, por conseqüência, também não conhecemos o Pai e deixamos de ser caminho, porque não estamos no Caminho.


O primeiro cuidado que devemos ter é com nossa relação pessoal com o Senhor. E isso não é egoísmo. Pelo contrário, é atitude de quem deseja ser de Deus para poder ser em Deus e para Deus. Pois sem pertencer e ser no Senhor não conseguimos ser para o outro. Ou melhor, não teremos o que comunicar ao outro, aonde conduzi-lo. O próprio Jesus teve os seus momentos com o Pai e quando pregava alertava que transmitia aquilo que ouvira do Pai. E era para o Pai que conduzia os Seus.


Em meio a sua missão, Jesus, o Filho de Deus, sempre se manteve ligado ao Pai. Por isso, não podemos separar vida e oração. Não serão as condições de nossa vida diária que conduzirão a nossa oração, mas deve ser a nossa oração quem nos conduz nas batalhas cotidianas. De outra forma é impossível caminhar. Se esperarmos que os problemas da vida estejam resolvidos para então rezarmos poderemos esperar a vida inteira. E perdermos a vida. É a nossa oração, conduzida pelo Espírito Santo quem nos manterá de pé, quem nos manterá no Caminho e nos fará caminho para a redenção da humanidade.


O segundo cuidado que devemos ter é quanto à direção para a qual apontamos. Uma vez estando na Presença do Senhor, pertencendo-lhe, é para Ele que conduzimos os irmãos. É preciso manter este processo cíclico: vamos à Fonte, abastecemo-nos e saímos para conduzir a outros para essa Fonte.


O Discipulado é condição concedida por Deus. Através desta obra, o Senhor tem nos conduzido e fortalecido na vocação e missão de ser e formar novos discípulos para o Pai. Daí a necessidade de zelarmos por nossa identidade, especialmente neste momento em que nos estruturamos a nível geral.


Somos um único e mesmo DJC. É tarefa de todos cuidarem da identidade e unidade desta obra, por meio da qual o Senhor nos alcançou e tem alcançado tantas almas.

Louvemos ao Senhor por toda a Graça derramada em nossas vidas! E sejamos fiéis no cumprimento da missão a qual Ele nos chama.


Formação Ministrada no Encontro de Espiritualidade – Apostolado da Bênção

Em Junho – 2010

Edilma
Conselheira Geral do Discipulado de Jovens