Você é um cristão "híbrido"?

Muitos de nós agem como se Deus não existisse. Contudo, Ele está "de olho" nos nossos gestos.

Descobri que tem muita gente por aí que é "híbrida". (?!!?) O quê? Você não sabe o que é isso? Vou explicar: trata-se de gente que tem diferentes formas de agir a depender do lugar onde está e das pessoas com quem lida.


Por exemplo: no ambiente de trabalho, sou solícita e educada. Já, em casa, no aconchego do lar, sou estúpida, respondo mal as pessoas, demonstro insatisfação e impaciência.


Outro exemplo: eu pago a prestação da minha nova televisão de plasma (caríssima, por sinal), mas não honro minhas dívidas com o condomínio onde moro e, ainda por cima, faço algo proibido pelas normas: aproveito que é feriado, que o prédio está vazio, e uso a água para lavar o meu carro.


Mais um: na minha casa, quando eu uso o vaso sanitário, dou a descarga e jogo o papel no cesto de lixo. Mas, se estou em um shopping center, aí, eu uso o banheiro de um jeito diferente: além de eu não dar a descarga, se por um acaso erro a mira e jogo o papel higiênico no chão, lá mesmo eu o deixo.


Seja honesto: você já agiu como um "híbrido"?...


Eu já. Afinal, não sou perfeita... Mas aí é que está: aprendi com a Igreja Católica que ser cristão não tem hora nem local determinado. Em suma: eu não posso ser cristã só diante de estranhos ou dentro da igreja.


Em outros termos: eu tenho a obrigação de sê-lo na hora em que acordo - evitando descontar nos outros o meu mau humor, só porque é "segunda-feira" -, dentro do ônibus - dando o meu lugar a alguém bem mais velho do que eu -, no supermercado - posicionando-me na fila certa, e não tentando ludibriar, indo para o "Caixa até 10 Volumes", quando estou com 15 ou 20 mercadorias. E mais: devolvendo o troco a mais que, por descuido, o garçom me deu.


Acho engraçado. A gente quer fazer pose para os outros, ficamos todos muito preocupados com a opinião alheia, esforçamo-nos para causar uma boa impressão nas outras pessoas...


... Dessa forma, quando alguém "nos vigia", ou seja: está olhando para nós, aí a gente trabalha "com disposição", "com a cara boa", somos "ágeis", "eficientes"... Mas, se ninguém vê, aí então, somos "molengas", não fazemos direito, "empurramos o serviço com a barriga", murmuramos, deixamos as coisas mal feitas...


... É que a gente se esquece de que tem alguém que literalmente não sai do nosso pé: Jesus Cristo, Nosso Senhor. Só porque não o vemos, não significa que Ele "evaporou", ausenta-se ou simplesmente não existe. Se temos FÉ e sabemos que é verdade quando Ele disse aos apóstolos: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20); então temos a obrigação de agir com isso em mente.


Não são a nossos pais, maridos, esposas, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, chefes, clientes... Que temos que agradar. Ainda que todas essas pessoas nos julguem mal, não entendam as nossas escolhas, interpretem com malícia nossas atitudes, demonstrem desprezo ou ingratidão para com nossos gestos, nada disso importa, se Deus sabe que fazemos tudo para agradar a Ele em primeiro lugar.


Essa é a minha dica de hoje.


Uma vez li na revista Seleções que Colin Powell, que no início deste milênio foi Secretário de Estado do então presidente norte-americano George W. Bush, já havia sido faxineiro. Um dia, o dono da firma onde trabalhava surpreendeu-o depois do expediente, lustrando o piso do local com tamanho esmero - Powell não sabia que estava sendo "vigiado" -, que no dia seguinte resolveu promover aquele funcionário dedicado a chefe da faxina.


Agora, pense que Deus é o dono daquela firma... Ele nos "vigia" ainda que não o vejamos. Nosso Pai está de olho em nós. E por isso mesmo, ainda que não haja ninguém à vista para causarmos uma boa impressão com nossas palavras, com nosso comportamento, a fim de ganharmos uma promoção ou alguns elogios, não deixemos de agir com todo o nosso esmero - tal como Colin Powell fez.


Eu tenho a certeza de que Deus não tira os Seus olhos de mim. E você?


Ana Paula M. de Camargo, dona-de-casa e sócia evangelizadora da Canção Nova, escreve regularmente no Blog A Católica (www.acatolica.com)