Natal, dez considerações
1. Jesus se fez embrião. Eis o humanismo de Deus, como é exuberante a sua bondade. Se tivessem feito experiências com Jesus ainda embrião, Ele não teria nascido. Todo médico sabe que se alguém usasse sua célula tronco embrionária para experimentos clínicos, ele não teria nascido. Natal é festa de uma gravidez que foi respeitada. Natal é festa da vida.
2. Jesus passou pelo perigo do aborto. A fidelidade de Maria salvou Jesus do abortamento. Segundo a lei de Israel, a mulher que engravidasse fora do casamento, deveria ser apedrejada. Maria aceitou ser apedrejada, não recorreu ao aborto para salvar a própria vida. A fidelidade e o amor de mãe salvam o filho. Não existimos por acaso ou por cálculo, mas por amor de Deus. “Sou um milagre do amor”. O Amor me quis, eu existo.
3. Jesus foi filho adotivo. São José foi pai adotivo de Jesus. Pelo batismo somos adotados como filhos e filhas de Deus. Como é extraordinário, nobre, digno todo ato de adoção. Com este gesto a esterilidade torna-se fecunda. Jesus vem ao mundo por obra do Espírito Santo. O útero é lugar da descida do Espírito. Jesus não é gerado pela mediação masculina, pela virilidade, pelo poder do homem. Toda atitude machista é injusta, discriminatória, opressora.
4. Jesus cresceu no cotidiano. Os mestres de Jesus foram os seus pais, a família, o trabalho, as Escrituras e o cotidiano. Ele não só se encarnou mas se inculturou. Jesus fugiu do estrelismo, do extraordinário, da magia. Escolheu o cotidiano para se humanizar, crescer e amadurecer. Viver o ordinário do cotidiano é o segredo da maturidade e do crescimento. É hora de renascer no cotidiano para evitar a rotina.
5. Natal, é a festa do Menino Jesus. Nada a ver com Papai Noel, hoje desvinculado de sua origem religiosa. O Menino vem pela porta da pobreza, da simplicidade, da fraqueza. Deus desceu até a estrebaria e desce até aos abismos e de lá nos retira. Um dia descerá à mansão dos mortos. O pobrezinho de Belém nos ensina a não acumular, não desperdiçar, mas viver com sobriedade sob a guia do espírito da dádiva. Natal é festa religiosa para encantar as crianças e a todos nós por Jesus. Vamos recomeçar a partir de Cristo Jesus.
6. As personagens do Natal. Maria, meditava tudo em seu coração. A meditação o silêncio, o encontro com Deus é o centro do Natal. Meditar faz bem à saúde. Andamos muito dissipados, distraídos, entulhados, invadidos e desgastados. É hora de parar. José, ao lado da esposa e com o menino no colo é ícone do pai participativo e presente em casa. Os pastores vão até Belém. É preciso sair, ir ao encontro, deixar a rotina e o comodismo. Os magos abandonam a magia, os horóscopos e seguem Jesus verdadeiro caminho e luz sem ocaso. Os anjos anunciam a glória de Deus e a paz na terra. Imitemos os personagens do Natal.
7. Os símbolos do Natal. A árvore, lembra a árvore da vida no paraíso, a árvore da cruz e a árvore genealógica. Árvore com raiz e frutos, não apenas com enfeites. Os cartões recordam as Escrituras Sagradas onde está a mensagem amorosa de Deus. Como é saudável e necessária a comunicação. A luz é Jesus. Brilhem nossas boas obras. Enfim, os presente. Acolhamos o maior presente que é Jesus e demos a Ele nossos pecados como presente de Natal.
8. Natal é a encarnação de Deus. Encontramos o rosto do Pai na carne de Jesus, depois o encontramos na carne do pobre, do preso, do doente. Não podemos ter uma fé desencarnada, alienada, intimista. Ver Jesus na carne do próximo. Viver como Jesus, ser como Jesus e permanecer em Jesus é o caminho da fraternidade. Jesus é o nosso verdadeiro eu, nossa segunda natureza.
9. Natal não é feriadão. É mistério revelado: O Criador se fez criatura; O Espírito se fez carne; o Poderoso se fez criança; o Divino se fez homem; o Senhor se fez fragilidade e pobreza. “Cesse a razão e fale o coração” (S. Ambrósio).
10. Jesus depois do Natal. Jesus merece ser conhecido profundamente, amado ardentemente, seguido generosamente. Natal é convite para adquirirmos os pensamentos e sentimentos, os critérios e a atitudes de Jesus. Ele é a maior fascinação da humanidade. “Senhor em ti respiro e por ti suspiro”. Sede bem-vindo Jesus. Em Ti creio, espero e amo. Natal é amabilidade de Deus. Deixemo-nos amar.
Dom Orlando Brandes
Fonte: Comunidade Shalom