O mundo atual exige cada vez mais de nós um distanciamento daquilo que somos verdadeiramente. A todo instante nos fazem esquecer a nossa essência e sair vagando por espaços vazios e desconhecidos.
Aprendemos a lidar com a tecnologia e até nos tornamos dependentes dela. Mas não conseguimos lidar com nossos próprios conflitos, dúvidas, medos, ansiedades, frustrações... Aprendemos a dar saltos técnicos e não somos capazes de dar um passo utilizando nossa própria criatividade. E por que isso acontece?
Não sabemos quem somos, o que queremos, para onde queremos ir. E como diz uma sábia frase: “Para quem não sabe aonde ir qualquer vento será indesejado”. Isso porque já não sonhamos mais, não temos metas, não direcionamos as energias que na nossa juventude são tão abundantes. Esperamos ficar velhos para nos decidir por algo, para sonhar, viver e repetimos o provérbio popular: “Ah se a juventude soubesse e a velhice pudesse”. Temos um lugar para voltar, mas não um lugar para ir.
E mais ainda, não nos colocamos essas questões, acostumamo-nos a viver no superficialismo. Começamos a viver o “faz de conta”. E “faz de conta”, felizmente, só dar certo em contos de fadas, em histórias fantásticas. “Faz de conta” que tenho amigos, “faz de conta” que me divirto, “faz de conta” que já sei para onde ir, com quem quero seguir... “Faz de conta” que tudo isso me faz feliz.
A tecnologia apresenta um mundo onde tudo acontece de forma instantânea, não “perdemos tempo” para construir nada. Rapidamente as coisas estão feitas, prontinhas para serem usadas, cabendo a todos fazer uso delas independente se desejam de fato isso ou não. Afinal, na maioria das vezes somos apenas levados pelas outras pessoas, pela propaganda enganosa...
Deixamos de viver uma vida real para vivermos a vida virtual. Isso porque somente esta última é rápida o suficiente para não nos deixar inquietar com questionamentos que podem colidir com a trajetória que estamos trilhando e modificá-la. Passamos horas e horas diante do computador, da TV, do Som, nas festas e bebedeiras, vamos deixando a “onda nos levar”. O ruim é que a onda sempre sai do alto mar e morre na praia. Ela faz o caminho contrário ao que precisamos fazer. E o mesmo tende a se repetir conosco se nos deixarmos arrastar por essas ondas.
Não fomos criados para a prisão e sim para a liberdade. “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade” (Gl 5,13). Porém, para fazer bom uso da própria liberdade, é preciso primeiro perceber que se é livre e que a Graça de Deus assim nos faz para nossa própria felicidade.
Se tivermos sido arrastados pelo superficialismo do mundo moderno até então, é hora de tirar o olhar do exterior e fixá-lo no interior, pois é no íntimo do nosso ser que Deus habita e é nesse sacrário (o nosso interior) que nos conheceremos e reconheceremos o que somos, o que queremos, saberemos para onde ir e realizaremos os nossos anseios mais profundos.
Tire tempo para caminhar consigo mesmo, renuncie a ser um estranho para si mesmo, desconecte mais da tecnologia, da vida virtual trazida pela internet - onde se resolve tudo com apenas um click, da falsa idéia de felicidade tão proclamada e imposta pela TV, abra espaço para as pessoas que estão a sua volta. Cultive os relacionamentos pessoais em casa, na escola, no trabalho, no DJC e onde quer que você esteja. “Perca” tempo com as pessoas, pois as boas relações precisam de muito tempo para crescer, amadurecer e dar bons frutos. Faça da internet apenas um meio para chegar aos irmãos e para com eles compartilhar a alegria de ser de Deus (cuidado para não manter os relacionamentos apenas via internet e esquecer os que caminham ao seu lado). “Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos” (Antoine de Saint-Exupéry).
Em suma, pare um pouco, conheça-se, dê uma chance a Deus para que ele te ajude nesse processo e abra-se aos presentes que Ele tem reservado para ti. Ser jovem não é fácil, jovem discípulo menos ainda, crescer dói, mas “basta que sejam jovens para que eu vos ame” (Dom Bosco).
Deus nos ama como somos e deseja que sejamos plenamente felizes,por isso não o impeçamos de realizar tão grande e belo projeto.